domingo, 5 de abril de 2009

Casablanca

"You must remember this"


Um dos motivos que me fez criar retomar um blog foi minha vontade de falar um pouco sobre meus filmes favoritos. E, entre tantos filmes que gosto, não tinha como não começar pelo que, hoje, considero meu favorito: O clássico de 1942, Casablanca.

O filme foi filmado e lançado durante a Segunda Guerra e, se situa exatamente nessa guerra, na cidade de Casablanca, no Marrocos Francês, região que, ao contrário da Metrópole, não fora invadida pelos Nazistas. Por isso (e, por localização estratégica), ela é ponto fundamental para quem quer escapar da sangrenta Europa e chegar a livre América. Essa é a premissa básica, mas logo somos apresentados ao clima da cidade: movimentada, onde muitos tem sonhos e a grande maioria destes se revelam utópicos. Depois conhecemos ao lugar mais popular da cidade, um bar onde de destinos se cruzam, a diversidade cultural dos frequentadores é enorme e recheado por coadjuvantes carismáticos: a Cantina de Mos Eisley Rick's American Bar. Rick Blaine (Humphrey Bogart) é o nome do seu dono, um americano altamente cínico, sarcástico, irônico e, porque não?, canastrão (mesmo assim, um dos personagens mais adoráveis da história do cinema). Depois somos apresentados aos "sonhadores da liberdade" recém-chegados a cidade: Victor Lazlo (Paul Henreid), maior ícone da resistência européia aos nazistas e sua esposa Ilsa Lund (Ingrid Bergman). O casal procura uma chance de escapar da América (praticamente impossível, porque Lazlo é vigiado frequentemente). O complicado é que talvez essa saída só esteja no bar do Rick. E Ilsa é o antigo amor de Rick em seus tempos parisienses). E, depois desses acontecimentos, todos devem tomar decisões importantes, lutando ou seguindo seus corações.
Parece simples, mas ainda é pouco. Para antagonizar temos o ambíguo e cínico Capitão Renault (Claude Rains), da pólicia local, e o Major Strasser (Conrad Veidt) do 3º Reich. Isso sem contar os vários coadjuvantes do filme que, como já disse, são altamente carismáticos (de verdade. Pensei em citar um ou outro, mas seria injustoi porque todos te cativam de alguma maneira ou de outra). As músicas do filme são excelentes, praticamente todas tocadas por Sam (Dooley Wilson), painista do bar e amigo de Rick e Ilsa. Destaque, obviamente, para "As Time Goes By", música que, após o filme, se tornou ícone cultural e parte do imaginário coletivo.
O roteiro é excelente e o filme é recheado de cenas marcantes. Um destaque é quando o hino da França, "A Marselhesa" é tocado. Até hoje, mesmo vendo essa cena dezenas de vezes, ela me emociona. Os diálogos são incríveis! As falas sarcásticas e irônicas do Capitão Renault e, principalmente, de Rick são fantásticas. Isso sem contar o número enorme de frases marcantes que entraram para a história do cinema e/ou foram homenageadas a exaustão, como: "Play it, Sam. Play 'As Time Goes By.'"; "Here's looking at you, kid."; "Of all the gin joints, in all the towns, in all the world, she walks into mine."; "Kiss me. Kiss me as if it were the last time."; "Round up the usual suspects."; "I think this is the beginning of a beautiful friendship"; "We'll always have Paris".
O filme não é cansativo, seus 102 minutos passam de uma maneira deliciosa e cada detalhe e frase tem seu impacto, tanto é que as cenas permanecem na sua mente por dias e dias. Confesso que a primeira vez que assisti eu dei uma nota 8,5 para o filme, mas ele retornava tanto a minha mente que pensei "acho que gosto mais do filme do que eu creio que goste". Revisitei Casablanca e adorei. Cada vez que assisto me apaixono mais. Creio que o filme é atemporal, toda sua temática é atual e, digo mais, considero um filme de apelo eterno e universal.
Claro, o filme não é perfeito, mas recomendo que todo mundo assista. Caso não goste tanto quanto eu gosto, com certeza achara que é "pelo menos" um bom filme. Eu já não consigo resistir e sempre imagino aquela doce voz da Ilsa dizendo "Play it again, Sam"

NOTA: 9,8
102 minutos, 1942, EUA
Direção: Michael Curtiz
Roteiro: Julius J. Epstein, Philip G. Epstein, Howard Koch
Produtor: Hal B. Wallis, Produtura: Warner Bros. Pictures

DVD: O filme saiu numa versão dupla (que possuo) e recomendo a todos, pois os materiais extra são excelentes (tirando os comentários em áudio que não são legendados e meu inglês é péssimo). Existe uma versão simples, creio que seja apenas o Disco 1 da versão dupla. Acho uma opção válida, mas, se for assim, preferiria ter a versão recém-lançada da coleção Clássicos do Cinema Folha, que vem com um disco do filme e um livro com explicações de produção e os et cetera e tem praticamente o mesmo preço.

Um comentário:

  1. Um filme bem surpreendente, mesmo cansada me manteve acordada (ao final do filme provavelmente os olhos cintilavam com a empolgação) e foi um tanto inesperado o quanto gostei dele.
    Além do mais, incrivelmente divertido buscar por frases que vemos sendo emprestadas a muitos outros filmes!

    I think this is the (re)beginning of a beautiful blog
    (frase com um neologismo ou outro, termos como 'beautiful' um pouco inadequado, quem sabe great fosse melhor, mas o trocadilho foi irresistível)

    ResponderExcluir